16.09.2015 às 18h59
LUÍS PEDRO NUNES ALFREDO CUNHA
As ruínas do antigo quartel português de Tite escondem uma história que está, hoje em dia, mal contada.
O primeiro tiro contra as forças portuguesas não foi, afinal, um tiro.
As verdadeiras memórias daquele dia ainda estão por perto das ruínas.
Elas e o "Grande Bazuqueiro"
23 DE JANEIRO DE 1963, QUARTEL DE TITE
É difícil explicar a geografia da Guiné a quem nunca lá foi.
Afinal “aquilo tem o tamanho do Alentejo”.
Mas é um engano.
Todo o litoral é uma planície pantanosa que se abre à foz de vários rios.
O que quer dizer que para descer o equivalente a 30 quilómetros em linha reta, teremos que utilizar um barco ou dar voltas por terra horas sem fim a contornar a boca de várias entradas de rios.
E há o terreno de lama.
A vegetação.
O clima tropical.
As chuvas.
Os mosquitos.
No início dos anos 60, a Guiné não era como as jóias da Coroa: Angola e Moçambique. Para o meio milhão de autóctones de dezenas de etnias, havia uns meros dois mil portugueses da Metrópole.
Alguns deles militares, espalhados por quartéis nos principais pontos do país.
A zona sul, que faz fronteira com Conacri, terrível em termos de geografia, e que seria comandada por Nino Vieira, iria ser o ponto de partida da guerra na Guiné.
Tite, um quartel da tropa portuguesa, foi escolhido para a primeira investida noturna do PAIGC.
É conhecido por ser o local do primeiro tiro.
E ainda se comemora como tal.
É uma data.